domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Traje Académico

                O traje académico está na origem da própria Universidade em Portugal, sendo introduzido pela igreja pois era esta que administrava o ensino Universitário.
                Composto por capa e batina, o traje tem a sua origem nas vestes eclesiásticas. Ao longo do tempo, foi sofrendo alterações nas suas aparências.
                A influência da igreja no ensino, e, consequentemente, nos próprios estudantes, é um factor importante para explicar algumas particularidades que ainda hoje vigoram entre nos.
                Como é do conhecimento de todos, é de Praxe ter os botões em número impar e os furos dos sapatos em número impar. Em conclusão, esta fixação pelo número impar vai ao ponto de não se dizer números pares mas sim dizer numero impar anterior mais 1. É uma tradição que explica a influência da igreja nas tradições universitárias.
                De facto, os números impares sempre tiveram muito significado para a igreja católica, salientando-se o seguinte:
1: Deus
2: Numero da unidade e trindade, da plenitude e santidade, três são os mensageiros que anunciam o nascimento de Isaac.
7: É a soma de 4+3. Por isso é o numero perfeito, que indica o máximo de perfeição. Significa também uma grande quantidade e totalidade.
Curiosidade: O numero 4 significa os 4 evangelhos, os 4 elementos do universo e os 4 cantos da terra, por isso associado ao 3 dá 7 que é o numero perfeito.
                Associado ao traje está ao simbolismo da humildade e da fraternidade.
Aliás, o traje sempre caminhou em direcção a essa finalidade; não haver distinções entre estudantes pobres e ricos, e foi feito para ser uniformizador, discreto, funcional e humilde.
                De séculos de utilização o traje foi sofrendo alterações e particularidades sobre o modo de usar em determinadas situações.
                O modo de utilização:
·         Capa aos ombros ou pelas costas:
Quando pelos ombros deve ter algumas dobras no colarinho que são indicativas do numero correspondente ao ano do curso em que se esta ou de quantas matriculas se tem mais uma dobra por respeito à instituição.
Em ocasião em que se deve mostrar respeito, a capa deve de ser usada pelas costas com as respectivas dobras e batina apertada.
·         Capa traçada:
Quando traçada, a capa é vestida sobre os ombros com os emblemas virados para o lado de dentro. Prende-se a parte esquerda da capa no ombro direito e põe-se a parte da direita traçada sobre o ombro esquerdo. Não se deve ver outra cor a excepção do preto e não se deve ver o colarinho da camisa.
Em serenata, a capa tem absolutamente que estar traçada.

·         Capa ao ombro:
Quando posta sobre o ombro, a capa é dobrada ao meio por três vezes, ficando para fora o lado do avesso da capa. Depois de dobrada deste modo, a capa é sempre posta sobre o ombro esquerdo e, geralmente, com a parte da gola caída para a frente.

·         Em luto académico:
A batina deve apresentar as abas fechadas, encontrando-se a capa caída pelos ombros, sem dobras. Aperta-se apenas pelos colchetes, mas sem ficar à vista qualquer outra cor senão o preto.
As abas das golas das batinas são unidas entre si.
Os pins são retirados das lapelas dos trajes.

·         Na missa, a capa é posta pelas costas, sem dobras e sem colchetes apertados.

·         A capa nunca deve ser lavada, pois significa renunciar a todas as recordações de estudante, alem de que dá azar.

·         Devem-se retirar todas as etiquetas do traje.

·         É proibido o uso de luvas e adornos ou sinas de vaidade e riqueza.

·         É permitido contudo, o uso de aliança de compromisso ou de casamento.

·         Não é proibido o uso de relógio, desde que este seja clássico, discreto e sem brilhos.

·         É proibido o uso de telemóveis. Quem não prescindir dele devera guarda-lo num dos bolsos.

·         É proibido o uso de boina/chapéu.

·         Só é permitido o uso de guarda-chuva, sendo este liso, preto e com cabo de madeira.

·         Os rasgões na capa referem-se a pessoas importantes e são feitos com os dentes. Como manda a tradição a família rasga a capa do lado direito, os amigos rasgam do lado esquerdo e o namorado(a) rasga ao meio.

·         Os emblemas devem-se referir a aspectos importantes da vida académica ou muito importantes da vida pessoal. Podem-se ter emblemas cosidos no lado de dentro da capa com linha preta, sem que sejam vistos quando a capa estiver traçada ou pelas costas.

O número de emblemas na capa é sempre número impar.
Os emblemas de localidades não se repetem na capa e devem ser cosidos pelo próprio, pela sua mãe, avó ou alguém muito íntimo.
O uso de emblemas não é obrigatório.
O emblema de “FINALISTA” deve de ser sempre o ultimo da ultima coluna, visto ser o ultimo emblema que marca o encerramento da vida académica.

1 comentário:

  1. Errado: o traje académico nunca teve o propósito de nivelar os estudantes quanto ao seu estatuto ou proveniência social:
    http://notasemelodias.blogspot.pt/2014/06/notas-evolucao-do-traje-academico-e-ao.html

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